domingo, 21 de junho de 2009

NUM DIA DE VERÃO

Como quem num dia de Verão abre a porta de casa
E espreita para o calor dos campos com a cara toda,
Às vezes, de repente, bate-me a Natureza de chapa
Na cara dos meus sentidos,
E eu fico confuso, perturbado, querendo perceber
Não sei bem como nem o quê...
Mas quem me mandou a mim querer perceber?
Quem me disse que havia que perceber?

Quando o Verão me passa pela cara
A mão leve e quente da sua brisa,
Só tenho que sentir agrado porque é brisa
Ou que sentir desagrado porque é quente,
E de qualquer maneira que eu o sinta,
Assim, porque assim o sinto, é que é meu dever senti-lo...

Fernando Pessoa (Alberto Caeiro)

2 comentários:

Letucha Almeida disse...

"E no meio de um inverno eu finalmente aprendi que havia dentro de mim um verão invencível.!

Albert Camus
Baci Baci

Jelicopedres disse...

Depois de jantar fui à rua tomar um cafézinho, Isabel.
Sabes o que me pareceu?
Pareceu-me que, o Inverno se tinha enganado e que vinha a camiminho...
Estava frio.
Assim, não vale.
Se é Verão, queremos o Verão!
(ponto final).