sexta-feira, 16 de julho de 2010


QUE VALHA A PENA
(Luís Represas)

Ninguém pode pedir
Nem um segundo
Da vida inteira
Que um dia passou por nós
Ninguém pode pedir
Que uma fogueira
No fim da noite
Não nos deixe sós

Ninguém pode pedir
Que os teus segredos
Venham abrir
O mundo do teu coração
 Ninguém pode falar
Sobre as certezas
Que gritaram mais alto
Do que a razão

Só posso pedir
Se houver palavras
Que valha a pena a dor
E os teus desejos
Sejam flores
E onde estiveres
Um jardim

Ninguém pode pedir
Que a tua força
Fosse mais forte ainda
Do que sempre foi
Ninguém pode pedir
Que fosses mais
Do que o mais que tu foste !
Agora, já não dói.

terça-feira, 13 de julho de 2010

ACONTECEU...


...hoje, durante a manhã, batem-me à porta os técnicos das Águas de Santo André e em jeito de brincadeira, perguntam:
Então os senhores não bebem água?
Bebemos e muita, porquê?
Estão muito tempo ausente?
Não senhor, mas porquê estas perguntas todas? 
é que o vosso contador deve estar avariado! Faça o favor de abrir uma torneira qualquer para podermos verificar a funcionalidade do contador.
Vou abrir a torneira, escorre água e diz o senhor da porta de entrada:
Pois está mesmo avariado! Não faz a contagem! Temos de proceder à sua troca por um novo.
Anuí e um deles começou de imediato a troca dos contadores. Enquanto isso numa conversa trivial, eles foram contando peripécias de cortes de água, troca de contadores e por vezes as reclamações que as pessoas faziam. Quando o técnico terminou o trabalho o outro escreveu qualquer coisa na folha de trabalho que trazia consigo, provavelmente 'trabalho executado', e eu, nessa altura, em tom de gracejo digo:
Tenho uma reclamação a fazer, o senhor pode acrescentar aí na folha que eu não pedi para me trocarem o contador porque ele, para mim, estava óptimo, funcionava bem e eu nem tinha dado conta que ele não fazia a contagem!
Pois, dizem eles, para si estava bem mas para o "patrão", não.
A nossas gargalhadas serviram de companhia à saída da dupla de técnicos que se despediu de nós para mais um dia rotineiro.
p.s.  ...e por causa da conversa, o senhor esqueceu-se de me dar o papel para assinar e teve que voltar.

fotografia: isabel